quarta-feira, setembro 13, 2006

Colecção Contos Com Um Palavrão - Volume 1



Se por outro lado quiseres ler o fascinante volume 1 da colecção Contos Com Um Palavrão, cheio de acção e mistério, clica em baixo onde diz: "Se estás farto disto nao cliques aqui..."

Rexona: A versão do Rex com cona

A verdade é apenas uma. Depois da série transmitida pela SIC, arranjar um nome para o “béu béu” lá de casa passou a ser trivial. Rex é agora um top of mind dos nomes caninos. Este conto agora trazido até vós é uma adaptação que o Masmorras da Estupidez fez baseada nesta singela história, que fez correr mais lágrimas que o Ponto de Encontro de Henrique Mendes. Não obstante, esta história não tem como maior influência essa falácia televisiva que é Rex o cão polícia. Rexona: A versão do Rex com cona, foi congratulada por influências de outro nível, superiores, de uma inteligência que diria ser quase alienígena. Rexona bebeu das águas dos rios e afluentes dos emaranhados enredos de O Inspector Max. Sim, essa obra-prima que em NADA tem a ver com seu homólogo austríaco! Uma história, obviamente, com o apoio psicológico da “tal marca de desodorizantes”.

O cenário não poderia começar de forma mais violenta e aterradora. Médico-De-Familia estava na montanha russa da Eurodisney, com os seus inseparáveis companheiros: O-Outro-Gajo e Rexona. A diligência metálica estava agora na fase da subida. O cenário era desolador e o trote era lento, soturno e estericamente apavorante; como se de uma longa caminhada para a morte se tratasse. A embriagues provocada pelo terror incumbido pelo restante troço da malfadada montanha dificultava-lhes a visão. Tudo estava turvo e baço, o que aumentava ainda mais o pânico gerado nos nossos detectives. Rexona, que embarcou clandestinamente – ou não fosse ela detentora de uma inteligência prodigiosa –, ia numa posição confortável. Estava aconchegada entre as pernas de Médico-De-Familia e sentia-se segura, embora francamente assustada. O vagão chegou finalmente ao pico da montanha. Neste momento as pulsações dos amigos de Rexona viam o seu ritmo redobrado. Quando sentiram que a carruagem ia começar a descer, fecharam os olhos e cerraram os dentes com quanta força tinham nos maxilares. Esperaram o golpe final, mas no entanto nada aconteceu. Um latido de Rexona despertou-os daquele transe hipnótico. Foi então que reparam que ficaram parados, mesmo no topo da montanha.

Rexona continuou com o seu latido, como se os quisesse avisar de alguma coisa. Médico-De-Famila percebeu as intenções da sua ajudante canina. Ela queria mesmo dizer alguma coisa. Ao longe avistava-se um grupo de pessoas que se distinguia pelo seu considerável tamanho e pela sua vertiginosa velocidade de crescimento. O-Outro-Gajo, que entretanto tinha seguido o olhar de Médico-De-Familia, disse: “Passa-se alguma coisa naquele lugar!”. “Pois…” – respondeu Médico-De-Familia, atónito com a idiotice do brilhante raciocínio do seu comparsa. O responsável pela montanha russa fez sinal ao utentes para que se recompusessem, pois iria descer todos carros da montanha. Parece que um corte inesperado na energia provocou paragem.

Acorreram ao local, e um dos presentes, com uma ranheta verde saliente na sua narina esquerda, articulava uma frase em francês, da qual Médico-De-Familia só conseguiu perceber a palavra “souris” que quer dizer rato em francês. Médico-De-Familia reconheceu a palavra pois tinha um filme chamado “Les aventures de souris Mickey” que lhe foi oferecido, quando completou 10 anos pelo seu tio Tadeu, emigrado na terra da Torre Eiffel. Mas ficaram apavorados, pois não percebiam patavina de francês. E então, Rexona começou mais uma vez a ladrar. Desta feita para um individuo com o cabelo com madeixas, ténis Adidas de um branco imaculado, calças puxadas até à zona das mamas, óculos de sol foleiros, dentes podres e uma nota de 100€ a notar-se no bolso da camisa, a qual estava aberta por forma a exibir a sua vasta cabeleira peitoral. Médico-De-Familia rapidamente o reconheceu como um emigrante tuga. “Boa Rexona! És muito esperta, sua marota!” – disse Médico-De-Familia ao eficaz agente canino. “Que se passou aqui? E o que são estas penas no ar?” – adiantou-se O-Outro-Gajo, questionando o emigrante. “Yô compagnons tugas! Tudo bien? Olha, bacano, parece que o Mickey espetou um balázio no Donald. Ganda maluco, hã?” – respondeu.

Num inesperado movimento Rexona começa a correr. O-Outro-Gajo e Médico-De-Familia apressaram-se a segui-la, temendo que se metesse em apuros. Mas Rexona galgava de uma forma impressionante, deixando os dois bófias muito para trás. Da última vez que lhe conseguiram por o olho em cima foi quando esta entrou num armazém de arrumações, pertence aos agentes da manutenção do parque. Entraram para procurar o agente prodígio. Decidiram-se pela esquerda e caminharam para a procurar. Quando deram por si, estavam num compartimento com grandes máquinas e restos de disfarces. Uma cabeça de Pateta aqui, um bico de Donald ali… E então ouviram um barulho na rectaguarda. Instintivamente, sacaram as armas e viraram-se para trás apontando para a suposta ameaça. “Então tugas, calma lá com isso! Só vim ver se precisavam de ajuda!” – disse o emigrante que tinham conhecido. Quando os detectives baixaram as defesas, Mickey saltou do nada e fez do emigrante um refém. Talvez assustado com as armas dos chuis. Mickey iniciou então uma tentativa de diálogo, mas só emigrante o entendia. Este disse-lhe que eram tugas e que iria servir de tradutor entre as suas conversas. “Ele diz que se não baixarem as armas me mata!” – disse o emigrante, a chorar e todo ranhoso. “Diz-lhes que somos agentes da autoridade e que o vamos prender” – disse O-Outro-Gajo, apontando a arma ao rato. Mickey riu-se e apontou a arma a O-Outro-Gajo em tom de ameaça e balbuciando qualquer coisa em francês. Subitamente, os olhos de Médico-De-Familia e O-Outro-Gajo distinguem algo familiar. Em pleno voo, Rexona acaba de morder a mão do Mickey, obrigando-o a largar a arma (um desfecho NUNCA visto no Max. Nunca, nunca…). Rapidamente, o Outro-Gajo tomou conta da situação, perguntando em voz alta para o ar o porquê deste assassinato. O emigrante entrou em diálogo com o rato Mickey e este acedeu. “O Mickey disse que queria ter um fato completo. Diz que a sua roupa são apenas uns calções e que a de Donald era apenas uma camisa. Diz que era o seu sonho. O seu objectivo de vida. Quando saiu da Ratolandia tinha prometido ao seu pai que um dia teria um fato completo.” – traduziu o emigrante. Médico-De-Familia sacou das algemas enquanto o emigrante disse ao rato: “Tu es arrêté!”.
* FIM *

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